Seja indiferente!

Quente a noite lá fora e aqui faz um frio absurdo.
Com conceitos sem razão eu busco o pouco de fôlego que restou.

Não importa!
Nada disso mais importa!
Não quero pensar!
Não quero chorar! Não quero sorrir! Não quero brigar! Não quero sentir! Não quero notar você!
Seja indiferente aos meus olhos...agora e sempre!!!
Conheço estes passos e posso ver os mesmos erros.
Não há nada de novo.
Eu já não me interesse e não quero ver.
Nem mesmo quero acreditar,
Que vai ser diferente
.
Não olho pra trás!
Sozinha na madrugada, olhando pela vidraça aquela chuva, minha alma esquecida escuta um céu de pedras.
O amor e a chuva são como agulha e linha,
quase uma coisa só
Os sentidos se costuram na sutura da solidão, da chuva, do violão, da linha, do relógio e das estrelas, lá do chão.
Saudade de nada.
Ainda é madrugada.
Sou solidão de dia quando acordo e a noite quando durmo.
Sou solidão ao meio dia e nas horas impróprias.
Uma solidão disfarçada.

Forçada numa máscara que a todos convencem menos a mim.
Solidão e seus genéricos.
Também sou tristeza e angústia e sendo assim conheço o meu íntimo.
Posso ir pra qualquer lugar, porém o lugar que eu mais gosto de estar é dentro de mim, onde posso abraçar-me por inteira.
Uma massa branca mescla o azul do céu com riqueza de detalhes.
Reparo.
Por onde andei o tempo todo que não observei os formatos da lua?
Os dias ganham asas e como pássaros voam.
Oculto os meses e ignoro as horas por medo de acordar de um sonho bom!
O pensamento brincando com as lembranças.
E os olhos percorrendo a imensidão negra do céu à procura de um rastro cintilante. Hoje, a noite não tem estrelas.
O clarão da lua seguiu os passos lentos da solidão.

E, em companhia da saudade, fugiu pra longe!
Um piscar de olhos e já foi!
E tudo foi embora. Tudo o que bastou para deixar a sede de vingança, o olhar distante e a boca sensível a palavras duramente amargas. A acidez da raiva dá asas a imaginação. E faço do inimigo uma raça limitada ao pó negro das cinzas ou, ainda, um banquete de terceira servido aos corvos. Ouvi dizer que a dor, a pior delas a dor amargurada, cria caminhos de envelhecimento na porcelana da face. Mas morreria a fim de saber uma fórmula que evitasse toda a dor, a raiva, o desespero e a ânsia negra que me consome!
Janelas abertas e colchão no chão.
Sem querer, me ensinaram que a proximidade da pele com o frio do cimento tende a diminuir a temperatura corporal.
Então, inovo!! implanto esta ideia e abandono o colchão!
Agora somos um só, o corpo quente contra o gelo da pedra.

Isso se limita ao nada quando comparado a pressão e ao fogo que percorre minha mente e coração...
ah!isso ninguém jamais me ensinou a aliviar!!!
A vida se encarregou...e sozinha testei as maneiras...
como alguém que não quer asas para voar ou como alguém que vai a praia e não quer se molhar.

Afinal, quem precisa de regras ou citações corretas num universo onde a lei que prevalece é a essência e a arte do improviso?!
Universo delicado esse!!!
Saudade do ontem que não acordou, das palavras que travaram, da realidade colorida, das ofensas não ditas e guardadas com amargura no peito e do beijo que limitou-se à teoria de palavras sem significados.
Sem pensar, vou apagando uma realidade que não existiu.
E que a poeira da borracha corroa acidamente até o último suspiro de saudade e lembrança...
Percorro as noites e vigio os sonhos.
Corro delineando as faces humanas que encontro lá fora,
em busca de alguma semelhança entre os traços.
Ninguém se parece a você!
É como procurar em vão...
...uma tolice incurável!